Morte de Sophie: Campo Grande tem apenas um leito SUS para cada 760 crianças
Campo Grande está longe de seguir o que é recomendado pela OMS, de 3 a 5 leitos para cada mil habitantes
| MIDIAMAX/PRISCILLA PERES
Faltam leitos hospitalares em Campo Grande. A frase não é novidade, mas o que significa? Que não tem vagas em hospitais suficientes para atender a população de Campo Grande. Na última semana, a falta de leitos, a superlotação de hospitais e a crise na saúda da Capital se materializaram na morte de uma menina de 5 anos.
Sophie Emanuelle Viana morreu após ar três dias internada na Santa Casa, em decorrência de um acidente doméstico. A família vê sinais claros de negligência no atendimento, que não considerou a gravidade do caso.
O agravante da história é que dois dias antes da criança chegar ao hospital, a Santa Casa disse que as condições atuais não garantiam atendimento seguro e adequado aos pacientes. Desde março, o maior hospital do Estado enfrenta superlotação e falta de insumos a nível grave.
1 leito para 700 crianças
Dados do Ministério da Saúde mostram que Campo Grande tem 3.120 leitos hospitalares, sendo que apenas 58% atendem SUS (Sistema Único de Saúde). A situação é pior na pediatria, com 175 leitos existentes e apenas 111 atendendo SUS.
A estimativa do Primeira Infância, considerando dado do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que Campo Grande tem 85.060 crianças de zero a seis anos. Elas representam 9,47% da população da Capital, de 898 mil habitantes.
Na prática, é possível dizer que Campo Grande dispõem de apenas 1 leito hospitalar SUS para cada 766 crianças. Ainda que considere os dados totais, é apenas um leito para 486 crianças.
Entre os adultos, a situação é mais confortável, mas nem tanto. A estimativa é de 1 vaga em hospital para cada 280 pacientes internados. De qualquer forma, Campo Grande está longe de seguir o que é recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), de 3 a 5 leitos para cada mil habitantes.
Grandiosidade da Santa Casa
De todos os leitos disponíveis em Campo Grande, 744 estão na Santa Casa de Campo Grande. Os outros 2,3 mil distribuídos em 36 hospitais ou unidades de saúde avançadas, segundo dados do Ministério da Saúde.
Dos mais de 700 leitos da Santa Casa, 650 atendem SUS. Entre as especialidades, 300 são cirúrgicos, 198 clínicos e 52 pediátricos. Para se ter ideia, o Hospital Regional Rosa Pedrossian tem 362 leitos, todos SUS, com 56 cirúrgicos, 134 clínicos e 30 pediátricos.
Apesar de ser um hospital privado, a Santa Casa é responsável pelo atendimento de 60% dos casos de alta complexidade do Mato Grosso do Sul. Os problemas de superlotação são recorrentes, mas este ano estão agravados.
Faltam insumos para procedimentos como cirurgias e há dois meses, o hospital alerta para o risco de desassistência dos pacientes. A Santa Casa afirma ter dívida de R$ 13 milhões mensais. Sobre o caso da Sophie, se limitou a dizer que “está acompanhando o caso desde o momento do óbito, prestando solidariedade à família pela imensa perda. Todas as condutas e decisões adotadas estão sendo avaliadas e reavaliadas internamente“.
Saúde de Campo Grande
O gargalo na saúde de Campo Grande é um problema de amplo conhecimento. Tanto que, há anos se fala na necessidade da construção de um hospital municipal.
Em 1° de julho de 2024, a prefeitura de Campo Grande lançou o complexo hospitalar de Campo Grande, com abertura do processo licitatório para construção. A previsão é de 259 leitos, com inauguração em julho de 2026. O resultado da licitação ainda não foi divulgado.
Questionados sobre o caso da Sophie, detalhes da regulação que encaminhou a criança para a Santa Casa, a prefeitura apenas emitiu nota dizendo que “após a regulação, o acolhimento e a condução clínica do caso são de responsabilidade da instituição recebedora. Sendo assim, eventuais esclarecimentos sobre a assistência prestada devem ser solicitados diretamente ao hospital“.
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